quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Projeção Áurea #3 - Gil Freitas


Poema Sincrético Nº 1 - Da importância do Silêncio e dos Espaços em Branco na Obra Sincrética

... Silêncio...
... O quê poderia dizer-lhe esta manhã? as coisas transcorrem seu curso e chegam ao seu termo,
continuo apaixonado pela vida, perdido de amores pela certeza de que nunca poderei abarcá-la por inteira, porque uma vida inteira é em verdade uma pequeníssima eternidade, não percebes isso quando um leve roçar do vento sobre sua face lhe faz remontar toda atmosfera de um dia qualquer da infância? o que poderia dizer-lhe nessa manhã? onde me dissolvo em mim mesmo e num encadeamento de pensamentos como de uma fonte jorrando, querer falar a vida é tecê-la numa possível realização, nunca, nunca ela em sua inteireza.
porque corres por entre meus dedos como a areia do tempo, como a água verte das veias das montanhas, pseudópodes que se estendem ao mar...
... e ao cabo retornamos ao silêncio...
... creio que se engane quem ache que o silêncio é o vazio...
... ele é apenas destituído de forma, nada lhe contém a não ser a mente que lhe percebe a extensão...
... seria o silêncio sempre o mesmo? ou haveria um infinito de silêncios...
... Falar do silêncio é em si mesmo um absurdo, deixe-se o silêncio fluir sufocando a palavra morta na garganta, apagando qualquer traço destes grunhidos selvagens desse instrumento vocalia ...
... o silêncio se fez em seguida ao alarido da geração, permanece suspenso na infinitude deste instante e permanecerá ainda em suspenso quando o infinito ao seu termo chegar...
... o silencio são os espaços em branco na pagina escrita, é onde prendemos a respiração ou ao fôlego retomamos

dispostos ao novo salto...

Gil Freitas

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